Apesar de ser uma das áreas mais negligenciadas nas pequenas e médias empresas, a história mostra que as Operações é o que garante diferencial competitivo no médio e longo prazo. Amazon e Toyota, dois dos maiores sucessos de negócios dos últimos 50 anos, são empresas fundamentalmente focadas em operações.
O diferencial dessas empresas nunca esteve no produto ou no marketing, mas sim na habilidade de tornar toda a cadeia produtiva e de logística a mais eficiente possível.
Quer mais exemplos? Pense nas cinco maiores consultorias do mundo.
Essas empresas, assim como várias outras, não venceram gastando mais em marketing ou mesmo inventando algum novo produto super disruptivo. Elas venceram por meio das operações.
Vendas e marketing são sexy e cheias de glamour. Finanças toca o dinheiro. Produto traz atenção e gera novas oportunidades de negócio. Mas as operações são a cola que faz todas essas coisas funcionarem juntas.
No caso da Toyota, por exemplo, é muito claro que eles venceram por meio de um foco implacável e profundamente culturalmente incorporado no kaizen, que é uma filosofia de melhorias operacionais contínuas.
No setor B2B temos como melhor exemplo a consultoria McKinsey, conhecida por sua obsessão por processos alinhados aos objetivos estratégicos da empresa (tudo isso detalhado muito bem no livro The McKinsey Way).
Em 10 anos de experiência trabalhando com pequenas e médias empresas, cheguei à conclusão de que muitos problemas de negócios de crescimento que essas empresas enfrentam são, na verdade, problemas operacionais – e não de vendas ou marketing..
Com um bom processo de vendas e dinheiro para investir em marketing, vejo que na maioria dos casos atrair clientes não é um problema. O desafio está na coordenação de muitas tarefas individuais ao longo do tempo para gerar valor real e durável.
Este é o domínio das operações.
No entanto, apesar de sua importância, operações é uma área quase que totalmente ignorada nas empresas brasileiras. Geralmente, quando a empresa começa a ficar desgovernada e a perder muitos clientes, a tendência do empreendedor brasileiro é:
- Focar ainda mais dinheiro e energia em vendas, criando um verdadeiro “balde furado” onde quanto mais empresas entram, mais saem.
- Associar o caos ao produto em si, e não a entrega do mesmo (que é a responsabilidade de operações).
Como evitar esse ciclo e construir uma empresa sustentável pela sua eficiência, e não apenas por quanto de dinheiro é investido em marketing e vendas?
O primeiro passo é reconhecendo a importância de olhar para operações na sua empresa, que se você está lendo até aqui eu espero ter conseguido ajudar a reconhecer.
O segundo é estudar. Operações é uma ciência exata e, como na engenharia por exemplo, você não vai construir um prédio a partir do que você acha ou o que é mais provável.
É preciso desenvolver uma visão sistêmica sobre seu negócio e identificar as alavancas e gargálos, para então implementar um ciclo de melhoria contínua.
Abaixo listo todos os livros que recomendo para quem quer se aprofundar nessa jornada. Alguns ainda não têm versão em português, mas você pode facilmente buscar por resumos no Youtube.
Livros de operação a nível pessoal
- Gerenciando a si mesmo, por Peter Drucker
- O gestor eficaz, por Peter Drucker
- A arte de fazer acontecer, por David Allen
- Construindo um segundo cérebro, por Tiago Forte
- Checklist, por Atul Gawande
Livros de operação mais focados na teoria
- Systemantics, por John Gall
- Seeing Like a State, por James C. Scott
- Imagens da Organização, por Gareth Morgan
- O sistema Toyota de produção, por Taiichi Ohno
- A meta, por Eliyahu M. Goldratt
- O princípio de Pareto, por Rodrigo Oliveira
- Certain to Win, por Chet Richards
Livros de operações mais focados na implementação prática
- Work the System, por Sam Carpenter
- Gestão de alta performance, por Andrew S. Grove
- Gestão de Processos, por Araujo, Garcias e Martines
- The Great CEO Within, por Matt Mochary
- Essenciais de gestão, por Peter Drucker
Espero que esses livros possam ajudar a entender e melhorar as operações em sua empresa. Com um bom processo de vendas, uma estratégia de marketing que faça sentido e um olhar mais sistêmico para operações, vai ser muito mais provável ter uma empresa bem sucedida no longo prazo.